Um dos temas que mais me deu trabalho na minha caminhada de autoconhecimento foi a CULPA.
Passei anos estudando este tema, me observando e trabalhando em sessões terapêuticas minha relação com esse sentimento. Apesar de ter feito bastante progresso, sinto que é algo que preciso observar constantemente e seguir vigiando.
Sempre que algo não saía como eu imaginava, eu me sentia culpado. Pensava que poderia ter feito melhor, não ter cometido os mesmos erros e me culpava de não ter prestado atenção à todos os detalhes. Às vezes até quando eu estava correto e sabendo que fiz o melhor que pude, era tomado por esse sentimento quando minhas ações magoavam alguém.
Eu podia escrever "A Terra é redonda" e ao escutar uma crítica ou ironia de quem acredita que a Terra é plana, me sentir culpado por ter tocado neste tema ou provocado essa pessoa. Este é apenas um exemplo simples de algo que acontecia recorrentemente na minha vida.
Eu me sentia carregando o peso do mundo nas minhas costas. Culpado de tudo que nem era meu. Me sentindo até mesmo culpado de ter nascido.
Foi assim que fui percebendo que a culpa não estava associada aos meus atos, mas a um sentimento interno muito presente em mim. Conforme fui estudando as emoções e aprendendo a lidar com elas, compreendi que nunca estão nas outras pessoas, mas pertencem a mim. Quando sinto raiva, não é alguém que me transmite isso. A raiva é minha. Ela foi apenas acordada por uma outra pessoa. É preciso uma outra pessoa para sentir. E essa é a beleza das relações humanas. Para vivermos essa experiência tão rica em sentimentos, precisamos das outras pessoas. Então, a raiva já estava aqui, já era minha, e veio uma pessoa para me ajudar a senti-la.
Com a culpa é a mesma coisa. A culpa está presente em cada um e o desafio não é ser perfeito a ponto de não errar nunca para não sentir culpa. Mas aprender a lidar com esse sentimento a cada vez que ele aparece. Até porque é extremamente exaustivo viver sem poder errar.
Uma das coisas que me ajuda muito é pensar: "AGORA JÁ FOI". Enquanto eu não penso isso, fico remoendo o passado, pensando em como não fui legal, ou como pude deixar isso acontecer e imaginando dezenas de possibilidades de ter feito isso diferente. E enquanto isso, minha energia é drenada e eu fico preso no sofrimento.
Mas quando penso: "AGORA JÁ FOI", eu solto o passado. Como se soltasse uma corda e a deixasse cair. Algumas vezes o alívio é imediato. E então concentro minha atenção no que posso fazer melhor hoje, deixando o passado para trás.
Uma vez escutei de uma professora: "Sabe para que serve a culpa?" Antes que eu tentasse esboçar uma explicação, ela emendou: "Não serve para nada".
Deixe o passado para trás. Agora já foi. Vamos fazer o melhor essa semana?
Gustavo Tanaka
PS. Eu estou adorando a liberdade que tenho com essa newsletter. Se você tiver alguma sugestão de tema, ou alguma questão que deseja que eu aborde, fique à vontade para me mandar uma mensagem, respondendo a este email.
Oi, Gu. Obrigado por essa reflexão sobre a culpa. Eu também passeio por algo parecido. E tem uma outra questão que me persegue e que talvez você possa sobre ela falar um dia, que é a dificuldade de materializa, de produzir, por pra fora, apesar de um movimento mental intenso. No mais, deixo meu abraço!
É interessante porque, coincidentemente, seus textos chegam na hora exata. Parece até que é o pontinho que faltava para eu entender algum desafio que estou passando durante a semana! Estou adorando!! Obrigada!!