Escolher
Alguns conselhos para reassumir as rédeas da sua vida e deixar de viver como marionete.
Talvez essa seja uma das habilidades mais importantes dos tempos atuais.
Vivemos uma época com excesso de opções. Temos acesso a muito mais possibilidades do que antes.
Minha infância foi nos anos 80 e início dos anos 90.
Era antes da internet.
O conteúdo que consumíamos era o que passava na televisão e no rádio. Fui crescendo e vendo as possibilidades se ampliarem. Quando era pequeno, nossa família tinha uma televisão com sinal apenas da TV aberta. Não tínhamos TV a cabo. Então, eram apenas 5 ou 6 canais.
No rádio, ouvíamos apenas algumas poucas estações.
Não existia a prática de maratonar séries. Alugar uma fita era um evento. E eu podia escolher apenas um filme por semana. Era a regra em casa.
Se eu gostasse de uma música do rádio e quisesse escutá-la de novo, era uma saga. Eu precisava ficar ligado na rádio o dia todo para, com sorte, ouvi-la mais uma ou duas vezes. Lembro de deixar a fita cassete preparada para apertar o “rec” quando começasse a tocar minha música preferida.
Conto essas histórias não com a nostalgia de quem acha o passado melhor, mas porque acho importante nos lembrarmos de onde viemos.
Fast forward para os tempos atuais:
Neste exato momento, posso escolher qualquer música que queira ouvir. Assistir a qualquer filme ou programa imediatamente. Posso abrir o celular e pedir delivery. São 22h40 de um domingo, mas certamente encontrarei opções para receber em casa, nos arredores de São Paulo.
Com tantas possibilidades, como escolher? Quais critérios usar?
Não é raro eu me pegar por muitos minutos passeando pelos catálogos, sem saber o que escolher. Às vezes, tenho vontade que alguém escolha por mim. Que eu não tenha opções e precise me contentar com o que há para hoje.
E, com tantas opções, minha mente se esgota facilmente. Sinto-me mais cansado e parece que meu cérebro não dá conta de tantos dados.
Por isso, penso que uma das virtudes mais importantes para os tempos atuais é o DISCERNIMENTO.
Discernir é escolher. É saber diferenciar. É escutar uma verdade profunda do coração e deixar-se guiar pela força da vontade verdadeira.
Não é fácil. É preciso treinar uma musculatura interna, uma força mental para tomar decisões.
Mas, se não praticarmos nossas escolhas e não exercitarmos esse músculo, seremos facilmente influenciados e engolidos pelo mundo. Posso passar horas rolando o Instagram, vendo coisas que o algoritmo escolheu para mim. Mas, afinal, o que EU QUERO ver?
Este texto é um lembrete: você deve retomar as rédeas da sua vida e escolher o que realmente quer.
Lembro de um tempo atrás, logo após terminar um relacionamento. Assim que minha ex-companheira saiu de casa, me vi sozinho, sem saber do que eu realmente gostava. Minhas escolhas não eram, de fato, minhas. Eram o que eu achava que deveria escolher para manter a relação bem, ou para agradá-la. Que comida eu queria comer? Que música eu queria escutar?
Foram essas pequenas escolhas que me ajudaram a retomar as rédeas da minha vida e voltar a seguir meu caminho.
Deixo aqui algumas dicas para te ajudar a exercitar sua força de vontade:
1. Faça pequenos jejuns de tempos em tempos.
Percebi que uma das melhores formas de treinar minha força de vontade é abrir mão de certas coisas. E a alimentação é uma das mais importantes. Escolha não comer açúcar por uma semana. Ou ficar 10 dias sem glúten, lactose, carne, álcool, café... Não importa o que. Escolha algo que seja um desafio razoável para você. Isso treina sua capacidade de dizer “sim” ou “não” às opções que surgem.
2. Escolha suas músicas.
Não ouça apenas as músicas salvas ou as recomendações do streaming. Não escute rádio. Escolha qual banda você quer ouvir. Qual canção específica você está com saudade de escutar?
3. Procure conteúdo específico.
Não abra o Instagram e fique vendo o que aparece. Quem você segue e gostaria de buscar? Que tipo de conteúdo deseja consumir? Sobre qual tema você quer dedicar um tempo? Faça isso com intenção. O hábito de navegar pelas redes sem intencionalidade é uma das práticas mais nocivas para a nossa mente.
4. Procure amigos voluntariamente.
Não apenas responda a quem te procura. Seja a pessoa que mantém as amizades vivas. Envie um meme para alguém que você quer por perto. Mande uma mensagem perguntando como a pessoa está. Diga que lembrou dela e sentiu saudade.
Vou parar por aqui, pois a lista está ficando longa e a última coisa que quero é que você se sinta sufocado(a) por mais tarefas. Minha intenção é que essa leitura seja leve.
Desejo que, nesta semana, você viva com mais intencionalidade, exercite seu poder de escolha e reassuma as rédeas da sua vida.
Te desejo paz.
Gustavo Tanaka
Quanto mais opções, mais ilusão de escolha temos, mas mais difícil também se torna escolher... pois escolher é deixar sempre um tanto de fora.
Texto muito bom, Gu!! Aprendi com você a importância de ritualizar as pequenas coisas, como o inicio de uma escrita, por exemplo. Isso me levou a prestar atenção na intenção antes de fazer as coisas. Lendo seu texto, entendo a intenção que colocamos ao escolher algo como parte fundamental do discernimento. Boa lembrança para iniciar a semana! Obrigada!!Boa semana por aí!!