O que faz sentido para mim?
Sobre como encontrar equilíbrio entre intuições e sugestões.
Existe aquilo que você quer e aquilo que querem de você ou para você.
O desafio é conseguir encontrar um equilíbrio nisto. Uma vida somente vivida por aquilo que eu quero é uma vida egoísta. Uma vida que atende apenas às necessidades dos outros e desconsidera o que está vivo em mim é uma vida doída.
Na semana passada, eu perguntei aqui nesta newsletter sobre o que vocês gostariam que eu escrevesse. Eu recebi dezenas de mensagens e fiquei muito feliz com isso. Foram tantas ideias e tantas sugestões que fiquei até um pouco perdido sobre qual caminho seguir.
Ontem eu sentei para escrever e minha escrita não estava fluindo como gosto. Foi então que percebi que ao invés de escrever sobre o que estava vivo aqui, eu estava mais tentando atender a algumas expectativas.
Foi a mesma coisa que senti quando peguei Covid. Recebi muitas mensagens de amigos e pessoas querendo me ajudar, indicando o tratamento mais adequado, aquele que funcionou para elas, ou aqueles alternativos que elas ouviram sobre ser muito eficaz. Eu fiquei muito grato por todas aquelas dicas, mas era tanta coisa que comecei a ficar confuso.
E é a mesma coisa que acontece quando compartilho uma ideia com algum amigo. Todo mundo tem uma ideia complementar ou sugestão. Se não soubermos como filtrar e selecionar aquilo que faz sentido, vamos ficar perdidos buscando cada hora uma coisa diferente.
Como devemos fazer então? Não escutar a opinião dos outros e não estar aberto a sugestões?
Houve momentos na minha vida em que fiz isso. Me isolei do mundo e das opiniões para conseguir escutar a minha própria. Eu estava tão distante de mim que não conseguia saber o que fazia sentido para mim.
Só depois de ter essa escuta fortalecida, pude me abrir para escutar outras sugestões que pudessem enriquecer o meu processo criativo.
É assim que procuro viver. Com um contato íntimo e profundo com a minha verdade, com as minhas vontades e com as minhas necessidades e complementando e enriquecendo com o que vêm de fora, por meio de outras pessoas.
Se eu apenas seguir a mim mesmo, corro o risco de cair em armadilhas do meu ego, vivendo de forma autossuficiente e isso torna a experiência mais pobre. Quando me abro para escutar outras opiniões, considerar outras perspectivas, compreender outras necessidades, tudo fica mais rico.
Mas se apenas considerar o que os outros dizem eu nunca vou saber o que fazer. Um outro exemplo bom é na relação com a alimentação. Existem muitas correntes e linhas de pensamento diferentes e que muitas vezes divergem sobre um alimento ser bom ou não. Como saber então o que comer? Escutando seu corpo, escutando outras pessoas e experimentando por si.
É somente com a experimentação que temos um aprendizado. É assim que vamos refinando nossa percepção e nos conhecendo melhor. Saber qual técnica, qual ferramenta, qual receita, qual dica pode ser aplicada e implementada em nossas vidas e quais não nos servem. Pelo menos neste momento. Algumas dicas que foram me dadas no passado não me serviram. Hoje servem. E coisas que eu fazia antes funcionavam para mim e hoje não me ajudam mais.
Não é preciso me fechar e desconsiderar todo o resto. Apenas me lembrar que eu sou soberano sobre as minhas escolhas.
O que vale é o olhar para o presente, a escuta do agora. Livre das influências do passado, aberto para o que está pulsando e vivo a cada instante.
É assim que vamos encontrando nosso lugar no mundo e trilhando nosso próprio caminho.
Gustavo Tanaka
Obs. Ainda sigo considerando os pedidos de vocês e assim que encaixar em algo que também está vivo em mim, vou escrever para poder atender essas necessidades.
Grata pelo texto, exatamente o que estou fazendo neste momento... pesando e escolhendo somente o que é leve para mim.