Alguns anos atrás, estava conversando com minha amiga Fabi Maia. Falávamos sobre nossos processos de aprendizagem e evolução. Naquela época, vivia num fluxo muito maravilhoso, onde tudo parecia estar dando certo e não tinha motivos para preocupação.
Então ela virou para mim e perguntou: "Gu, você tem alguém que te dá feedback negativo?"
Aquela pergunta me incomodou e a primeira coisa que passou pela minha mente foi: "Feedback negativo? Eu?! Eu não tenho motivos para feedbacks negativos".
Tão logo eu pensei isso, eu percebi que estava caindo numa armadilha do ego acreditando que eu não errava.
Naquela mesma época, meu amigo Fabio Novo também me falou algo parecido. Ele me disse: "Me preocupa o fato de você ser muito lobo solitário. Eu acho que é importante fazer parte de um grupo onde você não seja o líder e seja apenas mais um".
Eu refleti bastante sobre esses dois comentários e entendi o recado. Era importante eu mudar a forma como me relacionava com as pessoas e não apenas me cercar de pessoas que diziam como o que eu fazia era legal e me elogiavam, mas pessoas que me mostrassem minhas sombras, que apontassem minhas falhas e que me ajudassem a ter mais humildade.
Decidi participar de um grupo que realizava trabalhos espirituais como um colaborador, sem precisar liderar nada.
Este foi um dos grandes aprendizados da minha vida. E me ajudou a mudar a forma como organizava o meu trabalho no Brotherhood, tornando mais horizontal e me colocando mais como apenas mais um participante.
E hoje em dia, eu honro muito os amigos que têm coragem de me mostrar o que preciso melhorar.
Quando uma pessoa se fecha para os feedbacks negativos, ela se cerca de pessoas que apenas concordam com ela e existe um grande risco de deixar de se importar com a opinião dos outros e cristalizar nas próprias ideias. A tendência é afastar qualquer pessoa que discorde dela. Tenho visto isso acontecer muito com pessoas que ganham um nível de destaque e reconhecimento público. Isso acontece muito na política também.
Confesso que é um pouco desconfortável e muitas vezes fico incomodado quando escuto o que não queria escutar. Mas conforme vamos ganhando intimidade e aprendendo a fazer melhor uso da palavra, percebo que estes feedbacks podem ser verdadeiras expressões do amor.
Essa é a reflexão que eu trago nessa semana. Quem são as pessoas que fazem parte do seu círculo íntimo? Você dá abertura a elas te mostrarem suas sombras? Como você lida com os feedbacks negativos?
Gustavo Tanaka